Como já é de nosso conhecimento, a Igreja no mês de agosto nos convida a meditar sobre as vocações: vocação sacerdotal, vocação familiar, vocação à vida religiosa, vocação do catequista e dos leigos. Todos, primeiramente fomos chamados à vida, dom precioso que Deus nos concedeu e constantemente pede que cuidemos e honremos, nós somos chamados a cuidar da vida como se cuida de um tesouro.
Deus nos chamou assim como nós éramos no momento em que sentirmos o chamado, mas nos capacitou com sua graça que é constante para que podamos crescer e produzir frutos.
São Basílio nos diz que fomos chamados, estamos aqui, para glorificar a Deus e para nos santificar. Portanto, nossa vocação é um processo de santificação, e a maior glória de Deus é a santificação do ser humano, criado à imagem e semelhança dele que é Santo. Isso significa um dom, um privilégio, mas também um grande compromisso, pois somos na Igreja e para a Igreja. Somos chamados a santificar-nos e a santificar, a conduzir os outros neste caminho. Chamados a ser canais da graça de Deus, através do testemunho religioso e do ministério sacerdotal. Somos irmãos e padres basilianos na Igreja e para a Igreja. Temos uma identidade pessoal e comunitária. Colocamos nossos carismas pessoais em consonância com o carisma da Ordem Basiliana para realizarmos a missão da mesma Igreja. Nos consagramos e não nos pertencemos mais a nós mesmos, somos propriedade de Deus na Ordem Basiliana.
Somos conscientes que nossa vocação exige responsabilidades, renúncias, dedicação, testemunho e entrega total, pois quando não vivemos inteiramente nossa vocação, ela se afunda porque não tem bases sólidas. Vejamos o exemplo quando Jesus chama Pedro para andar nas águas, Pedro iniciou tranquilamente pois via Jesus a sua frente, mas quando desvia sua atenção de Jesus começa a se afogar. Nossa vocação nem sempre será fácil, mas, sendo apontado por Deus, com certeza é o caminho certo para chegar ao ideal: a glória de Deus e a santificação.
Neste mês de agosto, rezemos pelas vocações ao sacerdócio, à vida religiosa, pelas vocações leigas, e principalmente rezemos e meditemos sobre nossa vocação, sobre nossa caminhada na Ordem Basiliana, incentivemos e promovamos as vocações, mas não esqueçamos de cultivar em nós a vocação que recebemos.
A festa da Transfiguração de Cristo que celebramos hoje é uma realidade e um convite importante para reavivarmos nossa vivência vocacional, como diz o documento Vita Consecrata de São João Paulo II:
O episódio da Transfiguração assinala um momento decisivo no ministério de Jesus. É um evento de revelação que consolida a fé no coração dos discípulos, prepara-os para o drama da Cruz, e antecipa a glória da ressurreição. É um episódio misterioso revivido incessantemente pela Igreja, povo a caminho do encontro com o Senhor. Como os três apóstolos escolhidos, a Igreja contempla o rosto transfigurado de Cristo, para se confirmar na fé e não correr o risco de se perder ao ver o seu rosto desfigurado na Cruz.
Esta luz do Transfigurado atinge todos os seus filhos, todos igualmente chamados a seguir Cristo. Mas uma singular experiência dessa luz que dimana do Verbo encarnado é feita, sem dúvida, pelos que são chamados à vida consagrada. Na verdade, a profissão dos conselhos evangélicos coloca-os como sinal e profecia para a comunidade dos irmãos e para o mundo. Por isso, não podem deixar de encontrar neles um eco particular as palavras extasiadas de Pedro: «Senhor, é bom estarmos aqui!» (Mt 17,4). Estas palavras manifestam a alegria de toda a vida cristã: «Como é bom estarmos contigo, dedicarmo-nos a Ti, concentrar a nossa existência exclusivamente em Ti!».
Aos três discípulos extasiados chega o convite do Pai a que se ponham à escuta de Cristo, depositem n’Ele toda a confiança, façam d’Ele o centro da vida. À luz desta palavra que vem do alto, adquire nova profundidade aquele convite que lhes fizera Jesus, ao início da sua vida pública, quando os chamara a segui-Lo, arrancando-os à sua vida normal e acolhendo-os na sua intimidade. É precisamente desta graça especial de intimidade que brota, na vida consagrada, a possibilidade e a exigência do dom total de si mesmo na profissão dos conselhos evangélicos. Estes, antes e mais do que renúncia, são um acolhimento específico do mistério de Cristo, vivido no seio da Igreja.
Texto elaborado pelos irmãos estudantes Nicolás Alejandro Ostapczuk, OSBM, e Leonardo Kratcouski, OSBM para a adoração ao Santíssimo Sacramento durante Renovação Espiritual do mês de agosto.