Tradução: Pe. Estefano Wonsik, OSBM
Padre Isidoro Patrelo nasceu no dia 30 de novembro de 1919 no povoado de Sudóva Vêshnia, ingressou na Ordem de São Basílio em 30 de agosto de 1933, em 27 de abril de 1941 emite os votos perpétuos na Ordem.
De 1977 a 1996 foi Superior Geral da Ordem de São Basílio. Pe. Isidoro também era historiógrafo, doutor em teologia e direito canônico, possuía grande estima pela província São José no Brasil. Por isso, nesse momento em que lembramos os 100 anos do seu nascimento, rendemos graças por todo bem feito pela Ordem de São Basílio, de maneira especial em terras brasileiras. Pe. Isidoro faleceu no dia 27 de outubro de 2008 no Mosteiro Basiliano de Bruchovitcz – Ucrânia.
Nesta edição colocamos alguns trechos da carta por ele escrita enquanto superior geral na comemoração dos 100 anos da Reforma de Dobrómilh:
“Posso ficar tranquilo, posso afirmar que mesmo sendo em pequena proporção, a Ordem será assim como eu sou, assim como faço ela ser. Ela é mais do que parece ser, mas ela depende também de mim: da minha consagração e do meu zelo, dos meus trabalhos. Depende de mim exatamente com os dons que o Senhor me concedeu, embora possam ser consideravelmente limitados; depende de mim no lugar onde me determinarem, nos trabalhos confiados mesmo que pareça ser insignificante, simples e baixo, e aos olhos humanos sem importância “.
“Não pretendo dizer que já alcancei (esta meta) e que cheguei à perfeição. Consciente de não tê-la ainda conquistado, só procuro isto: prescindindo do passado e atirando-me ao que resta para a frente” (Fl 3,13)
Estas são palavras do apóstolo Paulo aos seus estimados Filipenses, escritas já dentro das prisões romanas depois de muitos anos de sua total dedicação e dificuldades da vida, no final de sua missão. São palavras de profundo ensinamento e encorajamento para todos: esqueço o que está para trás e concordo com o que está à frente!
Concluímos recentemente o centésimo aniversário de nossa reforma e já entramos no segundo ano do novo século. Todos participamos dessas celebrações e tentamos ao máximo acrescentar algumas causas a elas. Alegramo-nos com este jubileu, assim como com todas as graças e dons, toda a sorte que o Senhor nos abençoou durante todos esses anos passados, do primeiro ao último. Eles não eram fáceis, nem sempre normais. Além desses primeiros e desagradáveis anos, nos quais a jovem família dos novos basilianos foi acompanhada de mal-entendidos de quase toda a nossa comunidade, a província mãe e o berço de nossa atual Ordem estavam duas vezes na nevasca militar que não a deixou de lado (…) no entanto, essas grandes dificuldades e oposições, e até os anos da guerra e do pós-guerra, não puderam sufocar a semente que o Altíssimo semeara para Si mesmo, pois já havia crescido e desenvolvido transformando-se em uma grande árvore com galhos largos que não podiam ser alcançados pelas mãos dos hostis. A Ordem não é tão forte em seu primeiro século como era antes, mas ainda existe e continua a cumprir a tarefa para a qual Deus e a Igreja a chamaram (…). Portanto, de maneira especial também neste ano do jubileu, expressamos nossa sincera gratidão ao Senhor por todas grandes graças e por todas as bênçãos às quais Ele generosamente concedeu a Ordem. (…) Assim como bons filhos vivem com suas famílias tendo alegrias e tristezas, e nunca reclamam de seus trabalhos para o bem dela, assim nós devemos viver para nossa Ordem, nossa família espiritual, e nela e para ela estar prontos para todos os trabalhos que serão esperados nesses anos vindouros. (…) Como será esta Ordem nas próximas décadas? (…) Em última análise, todo ato nosso está sujeito à nossa vontade, que ninguém pode forçar, negar ou adiar – porque ele, nosso ato, depende apenas de nossa própria escolha e de nossa decisão, portanto – de nossa própria vontade, do nosso EU. Assim, a Ordem a que pertenço depende também do meu EU. Sou componente desta Ordem, e ela será assim como eu sou. (…) Todos nós estamos inclinados tornar nosso ideal uma humilhação, (..) podemos deslizar fácil e rapidamente se não tomarmos cuidado. A fim de nos protegermos de tal perigo e reter totalmente nossa consagração, da qual dependerá o futuro de nossa Ordem – devemos sempre lembrar e ter no fundo de nossas mentes, que: DEUS É O PRIMEIRO E O MAIS ALTO SUPERIOR! Essa consciência nos ajudará a manter sempre vivos nossos ideais. Pois não é para os superiores que chegamos ao mosteiro, e não por eles trabalhamos e buscamos a perfeição, mas apenas, sem dúvida, pelo único Deus que fizemos. Por Ele fomos chamados. Somente por Sua causa deixamos tudo no mundo e escolhemos o caminho difícil de uma vida consagrada para Deus (…). A Ele fizemos nossos votos, e prometemos consagrar toda nossa existência. Os superiores terrenos agem pela Sua vontade, e de um modo humano, portanto, de um modo imperfeito (…) Os superiores terrenos são também pobres, porque nenhum deles pode nos pagar e recompensar adequadamente por todos os nossos trabalhos e dedicações: eles não têm nada; e, além disso, nenhum deles, com justiça, é capaz de nos pagar o que merecemos, pois na grande maioria permanecerão para sempre ignorantes de muitas de nossas ações, boas e más. (..). Todas nossas comunidades ficariam empobrecidas se o superior fosse somente humano. Mas felizmente não é assim. Todas nossas casas, maiores, menores, possuem um Superior que complementa todas as faltas e deficiências daqueles que são superiores temporais. Ele está presente em todos os lugares, em todos os lares e sempre conosco: em todo lugar, o que fazemos, onde quer que vamos e onde estamos. (Sl 139). (…) Está sempre conosco, dia e noite e a cada minuto. Ele nos conhece em detalhes como realmente somos, não como podemos parecer aos outros. Sabe a quem foi dedicado o nosso dia: se a Ele ou para algo diferente? Sabe quais foram nossas orações, como e com o que o nosso dia foi preenchido, e como estávamos seja na Igreja ou no quarto, na escola ou na rua, em cada passo dado. Devemos sempre lembrar disso, e por isso fazer tudo para Deus, como descreve o apóstolo Paulo aos Coríntios: “Fazei tudo para a glória de Deus”. (…) Esta consciência e persuasão foi o que apoiou e acalentou de maneira especial centenas de nossos irmãos que nos últimos anos encontravam-se fora dos mosteiros, sem ter os superiores ao seu lado ou até mesmo sem seus confrades. Somente a lembrança do Superior Altíssimo concedia força e resistência para que mesmo nas circunstâncias e perigos mais difíceis, eles não cambaleassem, mas permanecessem totalmente comprometidos com suas obrigações, embora isso tenha exigido repetidamente esforços heróicos, pois por um longo período ainda permaneciam ser a Eucaristia e a presença do sacerdote. (…)
A benção de Deus estará sempre sobre nós, Sua força e graça não nos faltará, então o futuro de nossa Ordem o seu desenvolvimento e o sucesso da missão para a qual Ele nos chamou – para Sua glória, para nossa santificação e para salvação de nossos irmãos a nós confiados, também serão assegurados.
Roma 15 de setembro de 1983.
Pe. Isidoro Patrelo, OSBM
Protoarquimandrita.