Homenagem especial ao Jornal Prácia

Sessão solene na câmara de vereadores de Prudentópolis, abre a semana ucraniana na cidade, e homenageia o Jornal Prácia pelos 105 anos de circulação. Para esta solenidade se fizeram presentes o Bispo Eparca Dom Meron Mazur, OSBM, Pe. Antonio Roik,OSBM – Superior Provincial,  o prefeito da cidade Sr. Adelmo Klosouski, também Irmãs Servas de Maria Imaculada, Catequistas do Sagrado Coração de Jesus, integrantes do gurpo Vesselka e paroquianos.

Após a homenagem, sucedeu-se a apresentação de dois trabalhos científicos, os quais trataram sobre os 120 anos dos padres Basilianos no Brasil e a redação do Jornal Prácia. O primeiro foi apresentado pela Prof. Me. Maria Inês Antonio Skavronski e teve como tema: “Imigração Ucraniana e Religiosidade: os 120 anos dos padres Basilianos no Brasil”. O segundo trabalho foi apresentado pelo Prof. Dr. Anderson Prado e teve como tema: “Jornal Prácia: 105 anos como agente mantenedor da cultura ucraniana”.

 

Abaixo segue os discursos apresentados nesta ocasião pelo Diác. Estefano Wonsik, OSBM, e Pe. Tarcísio Zaluski, OSBM – redator chefe do periódico.


Boa Noite!

Com grande alegria abrimos hoje a semana da comunidade ucraniana. Para mim foi uma grata surpresa ser convidado para aqui proferir algumas palavras sobre o Jornal “Prácia”, exatamente neste momento da história em que, nós religiosos da Ordem de São Basílio Magno, estamos celebrando 400 anos de fundação de nossa comunidade religiosa, e 120 anos de presença e missão em terras brasileiras. Graças ao esforço e ao espirito corajoso de nossos primeiros missionários, o Jornal “Prácia” continua ainda sob a guarda desta Ordem, o que é motivo de júbilo e de louvores a Deus por, após tantos anos, podermos continuar servindo as necessidades do povo através deste informativo que possui uma bela trajetória.

Convivemos hoje com a assim chamada sociedade da informação, na qual a busca pelas notícias acontece de maneira rápida e imediata. Praticamente quase todos recebem notícias pelo próprio telefone celular, além do que tal aparelho pode enviar e-mails, mensagens, boletins, entre muitas outras possibilidades. Diante de toda essa diversidade, de que maneira se comporta o jornal impresso? No nosso caso, o que existe de diferente no Jornal “Prácia”, que depois de tantos anos ainda atinge a população? O “Prácia” é um jornal que não se assemelha a outros periódicos que conhecemos. As notícias que nele estão contidas não estão nas âncoras dos grandes canais televisivos, mas demonstram particularidades da vida cotidiana dos leitores. O “Prácia” é o Jornal dos Ucranianos e de seus descendentes, o qual, desde 1912 representa um grande tesouro em nossas mãos, tesouro que não deve ser lançado ao vento, e esquecido. Este Jornal mantém um elo entre o país de origem com os descendentes que aqui vivem. Somos privilegiados, contamos talvez com a única fonte de pesquisa para saber sobre a cultura, a religiosidade, a arte, e as tradições ucranianas. Dentre tantas etnias existentes em terras brasileiras, é perceptível o amor à terra de origem por parte dos ucranianos que, após 105 ainda mantêm um jornal escrito também em língua ucraniana. Isso é motivo de glória para Prudentópolis, para os religiosos basilianos, e para todos os descendentes de ucranianos.

É inegável que o “Prácia” faz parte da história do povo ucraniano. Nós, que agora estamos aqui, somos responsáveis em continuar esta história, não podendo incutir em nós o mesmo pensamento de muitos, de que o jornal impresso, em meio a tantas mudanças, já é algo inadequado. Trago aqui uma frase do escritor Mário Quintana – “os piores analfabetos são os que aprenderam a ler, mas não o fazem”. O conhecimento é essencial, e a importância de ler este jornal é indiscriminada em relação ao que pensamos, pois o “Prácia” traz novas expectativas e conceitos, conteúdos específicos que não podem ser encontrados em outros lugares talvez.  A leitura do jornal contribui para a formação da cidadania, preservação de valores, propagação da cultura e da religiosidade do povo ucraniano.

Em nome da equipe de redação do “Prácia”, agradeço aos senhores vereadores por abrirem novamente este espaço a nós, e se me permitirem chamo agora o redator chefe do Jornal “Prácia”, Pe. Tarcísio Zaluski, para uma breve colocação. Obrigado.

 Diác. Estefano Wonsik, OSBM


 

A história da humanidade é um rio que passa, cujas águas correm e não voltam mais. Pelos caminhos da vida humana, vão passando geração após geração, levando consigo para o esquecimento lembranças pessoais, familiares, nacionais e étnicas, apagando dados históricos da vida de um povo. Sabemos de tudo o que acontece hoje. Mas os meios de comunicação atual não conservam dados para história. Vêm e desaparcem. E o que foi escrito na imprensa não desaparece com as gerações, conserva por séculos as lembranças históricas de um povo e suas conquistas, conserva para muitas gerações dados sobre o passado que já não pode contar com testemunhas vivos. Mais ainda, o que foi escrito no livro, no jornal é muito mais fidedigno do que o falado na rádio ou apresentado na TV, na internet. A imprensa é estável e de longa vida.

Única imprensa ucraniana no Brasil, que nas suas páginas conserva a história centenária dessa etnia neste país – são os periódicos: o bimestral basiliano Prácia e o Missionar.  O primeiro fundado em 1912 e outro em 1911. Ambos vivos e ativos até hoje e testemunhs do passado. Existiam no Brasil ainda outros periódicos que já saíram do prelo que podem completar o que existe em abundância no Prácia.

Estudiosos da história da etnia  ucraniana neste pais não encontrarão fonte mais completa que o Pracia, que registra a história sobre a vida, efemérides, conquistas da etnia ucraniana no Brasil. Nas suas páginas encontramos abundantes informações sobre personagens que construiram a história da etnia ucraniana no Brasil. Sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos consagraram seus talentos, seu tempo e conhecimentos para deixar gravado nesse periódico o que de mais importante acontecia na vida da imigação ucraniana no Brasil. Imigração   pequena, insignificante, mas a seu modo contribuiu e contribue para a cultura brasileira.

O Prácia informava seus leitores sobre a vida da comunidade no Brasil e continua a registrar fatos sobre a cultura, eventos, religiosidade e da contribuição da etnia ucraniana para enriquecer o tesouro cultural do Brasil que,  além das manifestaçoes culturais indígenas locais, na maioria, é um mosáico de tantas culturas europeias, africanas, asiáticas que se fundem numa, na cultira brasileira.

No início do século XX, quando nasciam esses periódicos, o destino espalhou os ucranianos por diversos países, onde assimilaram culturas diferentes e contribuiram para enriquecer outras culturas com a sua.

Prácia, além de oferecer um acervo de dados sobre a vida e ações dos descendentes ucranianos no meio brasileiro, também foi importante meio de coservação da consciência das raizes do povo de origem ucraniana na sua nova pátria, no Brasil.

O surgimento da imprensa basiliana no Brasil não foi acidental, mas surgiu da especialidade da ordem basiliana de anunciar o Reino de Deus e promover a formação culltural do povo através da palavra escrita. Em todos países onde trabalhavam os basilianos, surgia imprensa basiliana, que levava para o povo palavras de conforto, incentivo, oferecia informações gerais políticas, culturais e religiosas, e especialmente sobre a vida da comunidade ucraniana em determinados países. Por exemplo, na Ucrânia existe até hoje o Missionar Basiliano, o Pracia e Missionar no Brasil, Slovo (a Palavra),  na Argentina, Slovo Dobroho Pastyria (Palavra do Bom pastor) nos EUA, Svitlo (A Luz) no Canada, Zapsky Vasylianskoho Tchynu (Anotaçõs da Ordem Basiliana), em Roma e tantos outros praticamente em todos países onde existem descendentes de ucranianos e a Ordem Basilana surgia a imprensa. O Prácia é uma fonte histórica preciosa para o conhecimento da história da comunidade de descendentes ucraianos neste país.

Nesta ocasião, damos graças a Deus e rendemos homenagem a todos, sacerdotes, religiosos, e religiosas e leigos que dedicaram seus talentos e seu tempo para deixar gravada a história da vida da etnia ucraniana nas terras brasileiras e contribuir com o patrimônio da cultura ucraniana no enriquecimento da cultura brasileira e também a todos leitores que durante mais de um século apoiam o Prácia.

 Pe. Tarcísio Zaluski, OSBM

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