400 ANOS DA ORDEM BASILIANA

Em 2017, a Ordem Basiliana de São Josafat está celebrando os 400 anos de sua fundação. Deus é Pai e Criador. Seu Espírito sopra onde quer e como quer, inspirando pessoas para seguirem Jesus Cristo e servirem a Igreja.

Por inspiração e vontade divina, no século IV da era cristã, surgiu Basílio de Cesareia (São Basílio Magno) que fundou e legislou um estilo de vida consagrada (monástica) comunitária. Seguindo seu estilo de vida, surgiram muitas comunidades que seguiam as Regras Monásticas por ele escritas. Tais comunidades denominavam-se “mosteiros basilianos”, espalhados pela Ásia Menor e depois pela Europa e, dentro dela, na Ucrânia. Embora todos seguissem as Regras Monásticas de São Basilio, cada mosteiro vivia autonomamente.

Quando, no século XV, a Igreja e, dentro dela, a vida monástica, encontrava-se em grande crise, Deus intervém na história chamando dois homens os quais tornar-se-ão dois pilares da então nascente Ordem de São Basílio Magno.

Após a renovação da vida monástica no Mosteiro da Santíssima Trindade, em Vilnus, outros mosteiros basilianos foram unindo-se a ele numa confederação e assim surgiu a Ordem de São Basílio Magno, mais tarde denominada Ordem Basiliana de São Josafat.

A semente plantada por São Basílio e agora cultivada por Josafat Kuntzevicz e José Veliamin Rutskij, produziu frutos em seu tempo e a Ordem Basiliana cresceu, formando várias Províncias na Europa e além dela.

Tudo o que vem de Deus prospera e produz frutos, mesmo que tenha que passar por muitas provações. A Ordem Basiliana não foi poupada desta realidade.

Já no seu nascimento, foi regada pelo sangue de um de seus fundadores: o martírio de São Josafat. Isto não foi derrota – Deus o elevou à glória dos altares. Após alguns anos vieram novas crises e Deus não nos abandonou: através da Igreja recebemos a ajuda dos Padres da Companhia de Jesus (Jesuítas) para uma nova reforma da Ordem.

Após longos anos de existência e missão, novas provações surgiram: as guerras e o regime comunista, durante o qual muitos de nossos irmãos basilianos foram levados aos trabalhos forçados e impedidos falar de Deus. Suas palavras foram silenciadas, mas sua vida falou. Muitos foram martirizados e hoje ressurgem na glória dos altares, uma voz que não se cala jamais. Enquanto na Europa a perseguição e o martírio buscava acabar com a Ordem, fora dela a Providência Divina fazia crescer as novas províncias.

Após a liberdade com a queda do comunismo, todos vimos um alvorecer bonito, provando que tudo o que é de Deus prospera, não obstante as contradições. Vieram à tona tantos padres e irmãos que viveram a fidelidade à consagração sob o peso do regime comunista e tantas vocações que surgiram mesmo naquela época sem que ninguém soubesse. A obra divina prosperou. Isso nos prova que a cruz é o lugar onde o mais belo e o mais valioso acontece: a fidelidade por amor a Deus.

Depois da cruz, o desvendar de um mistério bonito. Hoje, no mundo livre, a Ordem toda pode encontrar-se em Capítulos Gerais, podemos ir até à nossa Província Mãe e encontrar nossos irmãos na Ordem como eles podem vir até nós. Trocar experiências, realizar missões, fazer intercâmbios.

Nestes 400 anos de história, Deus ofereceu à Ordem e através dela à Igreja, pessoas que foram fundamentais para a vida da Igreja. Grande exemplo disso é a pessoa de André Scheptetskei, considerado o Moisés do povo ucraniano. Os pioneiros que saíram da Ucrânia para missões em países e continentes distantes, onde hoje formamos as Províncias da diáspora, uma delas aqui no Brasil, onde juntamente com os 400 anos da Ordem, celebramos os 120 anos da presença basiliana. Os mártires basilianos, que com seu sangue regaram e fertilizaram o cristianismo. Os membros que, não obstante à perseguição, mesmo numa vida escondida, foram fiéis à Ordem e à Igreja de Cristo. Alguns membros que tiveram a coragem de assumir a inspiração do Espírito, tornando-se fundadores de novas Instituições de vida consagrada, como o Pe. Jeremias Lomnytskyi e o Pe. Christoforo Meskiv. Aqui no Brasil, basilianos que se destacaram no serviço à Igreja como Dom José Martenetz, Dom Efraim B. Krevey, Pe. Benedito Melnek, Pe. Pedro Baltzar e outros.

Olhando para o passado nosso coração enche-se de louvor e gratidão a Deus pela bela história que temos para contar. Porém, precisamos olhar para o futuro, perceber que ainda há uma grande história a ser construída, para a qual a Igreja nos chama, com muitos desafios a serem superados. Entre o passado e o futuro está o presente. E esta parte cabe a nós. O mais importante da celebração dos 400 anos de fundação da Ordem Basiliana de São Josafat é a fidelidade à missão da Ordem no momento presente e o compromisso com a sua vida e missão.

Este é um momento importante na vida de cada basiliano. É tempo propício para uma renovação pessoal e comunitária. É tempo para despertar um amor maior pela Ordem e pela Igreja, com um sentido mais profundo de pertença. Momento para fortalecer-se no valor positivo de todo sacrifício que aconteceu e glorificou a Deus.

Que a celebração dos 400 anos da Ordem nos leve a olhar para trás com gratidão, a assumir o presente com paixão, com entusiasmo, e a olhar ao futuro com esperança e com fé.

Desejamos celebrar este Jubileu com profunda consciência daquilo que São Basílio nos diz, que nos consagramos para a glória de Deus e para a nossa santificação e buscando cumprir fielmente o carisma da nossa Ordem: comunhão, união e missão com as bênçãos de Deus, a proteção da Nossa Senhora e a companhia de nossos fundadores: São Basílio, São Josafat e José V. Rutskei.

Sincera gratidão a todas as pessoas que nos ajudaram e ajudarão em nossa vida e missão.

Glórias e louvores sejam dadas a Deus.